Lembro da presença amável e interessada do Sargento Werneck dos Fuzileiros Navais, formador e instrutor da Banda, com sua gaita escocesa, despertando a vontade de todos nós de termos uma ala de gaitas de fole, para depois descobrirmos que custava uma nota preta e uma importação complicada. Os primeiros ensaios no pátio do Colégio, a compra dos instrumentos na loja dos Irmãos Valcareggi , o aprendizado musical para os instrumentos de sopro; cada um deles em uma sala de aula, a chegada dos unformes confeccionados pela Kalil Sehbe de Caxias do Sul, a trabalhosa criação dos moldes para a pintura dos bumbos, tudo isto feito com dedicação, comprometimento, responsabilidade, sob a batuta do Irmão Tito, severo porém justo nas suas reprimendas.
O Luiz Fernando Pimentel recorda-se da primeira apresentação da Banda, em uma Parada da Mocidade. Eu me lembro de uma chuva fina a cair pela manhã bem cedo, deixando todo mundo em desespero, fazendo com que alguns, mais cristãos, fossem para a capela do Colégio para pedir aos céus uma manhã de sol, que permitisse a apresentação. É bom esclarecer que o Banda ensaiava evoluções tidas como "inéditas" e, portanto, ensaiadas "secretamente" para que os adversários não as conhecessem. Adversários ? As novas bandas dos colégios Rosário, Julio de Castilhos, por exemplo. Tudo muito misterioso. Sabe-se lá por que, mas na hora de irmos para o desfile, o sol apareceu e o "show" foi dado em plena Avenida Borges, para o assombro da população de Porto Alegre.
Diz-se que David Nasser, o prestigiado jornalista da revista "O Cruzeiro", que se encontrava em Porto Alegre, viu a apresentação e teria dito a um interlocutor : "Isto não é espetáculo para Porto Alegre; é coisa para ser mostrada para o resto do País", ou algo assim. Modéstia à parte, fomos impecáveis do começo ao fim do desfile e os jornais se derramaram em elogios, no dia seguinte. O mesmo aconteceu em outras cidades do Estado onde a Banda esteve, com destaque para Livramento (Capa inteira do jornal "A Plateia"), Quaraí (Com direito à uma apresentação extra em Artigas, Uruguai), inauguração do Estádio Cristo-Rei de São Leopoldo debaixo de um sol brutal, mas que não foi suficiente para prejudicar o espetáculo proporcionado pela Banda. E são tantas as históriasque mereceriam um livro para contá-las. Espero que outros colegas daqueles tempos também escrevam a respeito.
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