28 de janeiro de 2012

Meu nome é Paulo Roberto Lontra, tenho 70 anos recém completados e me orgulho de ter sido um dos fundadores da Banda Marcial do Colégio das Dores, em fins da década de 50 do século passado. Tenho lembranças da convivência com os colegas da Banda, o Paulo Lippmann, o Jorge Alberto Pimentel, o Luiz Fernando, Camilo Pires, Gilberto Alves Rego, Astélio, Aymoré, Manoel Pitrez, Nelson Pegoraro e tantos e tantos outros ( afinal eramos 180 componentes!).

Lembro da presença amável e interessada do Sargento Werneck dos Fuzileiros Navais, formador e instrutor da Banda, com sua gaita escocesa, despertando a vontade de todos nós de termos uma ala de gaitas de fole, para depois descobrirmos que custava uma nota preta e uma importação complicada. Os primeiros ensaios no pátio do Colégio, a compra dos instrumentos na loja dos Irmãos Valcareggi , o aprendizado musical para os instrumentos de sopro; cada um deles em uma sala de aula, a chegada dos unformes confeccionados pela Kalil Sehbe de Caxias do Sul, a trabalhosa criação dos moldes para a pintura dos bumbos, tudo isto feito com dedicação, comprometimento, responsabilidade, sob a batuta do Irmão Tito, severo porém justo nas suas reprimendas.

O Luiz Fernando Pimentel recorda-se da primeira apresentação da Banda, em uma Parada da Mocidade. Eu me lembro de uma chuva fina a cair pela manhã bem cedo, deixando todo mundo em desespero, fazendo com que alguns, mais cristãos, fossem para a capela do Colégio para pedir aos céus uma manhã de sol, que permitisse a apresentação. É bom esclarecer que o Banda ensaiava evoluções tidas como "inéditas" e, portanto, ensaiadas "secretamente" para que os adversários não as conhecessem. Adversários ? As novas bandas dos colégios Rosário, Julio de Castilhos, por exemplo. Tudo muito misterioso. Sabe-se lá por que, mas na hora de irmos para o desfile, o sol apareceu e o "show" foi dado em plena Avenida Borges, para o assombro da população de Porto Alegre.

Diz-se que David Nasser, o prestigiado jornalista da revista "O Cruzeiro", que se encontrava em Porto Alegre, viu a apresentação e teria dito a um interlocutor : "Isto não é espetáculo para Porto Alegre; é coisa para ser mostrada para o resto do País", ou algo assim. Modéstia à parte, fomos impecáveis do começo ao fim do desfile e os jornais se derramaram em elogios, no dia seguinte. O mesmo aconteceu em outras cidades do Estado onde a Banda esteve, com destaque para Livramento (Capa inteira do jornal "A Plateia"), Quaraí (Com direito à uma apresentação extra em Artigas, Uruguai), inauguração do Estádio Cristo-Rei de São Leopoldo debaixo de um sol brutal, mas que não foi suficiente para prejudicar o espetáculo proporcionado pela Banda. E são tantas as históriasque mereceriam um livro para contá-las. Espero que outros colegas daqueles tempos também escrevam a respeito.

Paulo Lontra

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